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     Área Temática 6 - SAÚDE

 

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO na promoção e

manutenção do aleitamento materno.

 

SCHNEIDER, Rúbia Raquel[1]

LIPINSKI, Jussara Mendes[2]

CARDOSO, Sandra Maria de Mello[3]


 

Resumo

Este trabalho foi uma Pesquisa-ação com abordagem qualitativa do qual participaram puérperas internadas em um hospital de médio porte. Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada e analisados a luz do referencial teórico, tendo por objetivo conhecer as dificuldades das mães para o estabelecimento e manutenção da amamentação. Percebemos que os profissionais de saúde mesmo cientes da importância e do valor do leite humano, não estão adequadamente preparados para oferecer suporte às mães, quando estas têm problemas com aleitamento. A decisão da mãe em amamentar depende de vários fatores como, motivação, apoio da família, educação pré e pós-natal treinamento adequado sobre técnicas de amamentação. Faz-se necessário o resgate da prática da amamentação, através da observação de rotinas de incentivo já preconizadas pelo Ministério da Saúde nas instituições auxiliando assim as mães no estabelecimento e manutenção da amamentação exclusiva de forma efetiva.

Palavras-chave: amamentação, apoio, enfermagem

Abstract

This work was an Inquiry-action with whose qualitative approach they announced women recently confined interned in a hospital of middle transport. The data were collected through interview semi-structured and when the light of the theoretical referential system was analysed, having since objective knows the difficulties of the mothers for the establishment and maintenance of the breastfeeding. We realize that the professionals of health even aware of the importance and of the value of the human milk, are not appropriately prepared to offer support to the mothers, when these have problems with breast-feeding. The decision of the mother in breast-feeding depends on several factors like, motivation, support of the family, education daily pay and native-powders training adapted on techniques of breastfeeding. There is made necessary the redemption of the practice of the breastfeeding, through the observation of routines of incentive already extolled by the Ministry of Health in the institutions helping so the mothers in the establishment and maintenance of the exclusive breastfeeding of effective form.

Key words: breastfeeding, support, nursing

ÁREA TEMÁTICA: SAÚDE

 

INTRODUÇÃO

Apesar dos inúmeros avanços que ocorreram nas últimas décadas na prática do aleitamento materno no Brasil os índices ainda estão muito aquém do recomendado pela Organização Mundial de Saúde, de amamentação exclusiva até o sexto mês de vida e a continuidade do aleitamento materno até o segundo ano de vida ou mais. Segundo Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (1989), o índice de prevalência de aleitamento materno entre crianças com idade de seis meses era de 49,9%. Esse mesmo índice conforme Pesquisa Nacional sobre Demografia (1996) era de 59,8%. Já em pesquisa realizada nas capitais brasileiras pelo Ministério da Saúde (1999) esse índice foi de 80,5%. Esse crescimento nos índices de prevalência do aleitamento materno se deve á intensificação das ações de incentivo ao aleitamento e ao aumento de investimentos nessa área. Desde a da década de 80 a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), têm direcionado esforços pra instituir políticas de incentivo á amamentação, adotando para isso medidas importantes. Entre essas medidas temos como principais, a publicação do texto “proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno” que apresenta os “dez passos para o sucesso do aleitamento materno”, e o lançamento dos Hospitais Amigos da Criança (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Mesmo com dados positivos sobre prevalência do aleitamento materno no Brasil e com os esforços da OMS e UNICEF, é necessário aumentar o conhecimento sobre os fatores que levam ás mulheres a abandonarem a prática do aleitamento materno.

A prática do aleitamento materno sofre constantes influências da civilização. O Homem através dos tempos tem mistificado a prática do aleitamento através de preconceitos e mitos que permanecem vivos até hoje, e acabam influenciando a prática de maneira negativa, aumentando assim o número de mães que desmamam precocemente seus filhos.

            Os profissionais de saúde através de suas práticas e de seu conhecimento podem influenciar positivamente ou negativamente a amamentação, estimulando nas mães a sua capacidade de amamenta.

Embora a maioria dos profissionais de saúde já estejam convencidos da importância do aleitamento materno e do valor do leite humano, não estão adequadamente preparados para oferecer suporte ás mães, quando estas tem problemas com aleitamento, faltam aos profissionais, habilidades e treinamento para um aconselhamento correto (REA, VENÂNCIO,1999).

Por isso é necessário que a educação em saúde vá além do simples repasse de informações.  Para que a educação em saúde seja efetiva, deve haver o esclarecimento das dúvidas e o acompanhamento das mães tanto no período pré-natal, como no puerpério, para assim, vencer o desinteresse e o desconhecimento dessa prática. A proposta é educar para construir conhecimento, é deste ponto que a equipe de saúde deve partir, buscando novas maneiras de produzir e construir conhecimento com as mães.

Diante das dificuldades que a maioria das mães encontra para o estabelecimento da amamentação, e também das dificuldades que a equipe de saúde tem para implementar práticas que incentivem a amamentação surgiu à reflexão: Como deveriam ser implementadas as ações de educação em saúde para promover de forma correta e eficaz o aleitamento materno, e qual o papel da equipe de saúde, especialmente da equipe de Enfermagem nesta proposta de educação?

 

OBJETIVO GERAL

O objetivo deste estudo é conhecer as dificuldades das mães para o estabelecimento e manutenção da amamentação.

 

REVISÃO DE LITERATURA

HISTÓRIA E CULTURA DO DESMAME

            Até 1500 o regime alimentar dos lactentes indígenas se resumia ao aleitamento direto ao seio durante a fase de colo, embora oferecesse grãos de milho pré-mastigados a índia não estimulava o apetite do filho. O desmame precoce se restringia a situações de morte materna ou doença grave da mãe. Com a chegada dos portugueses, foi transmitido o costume das mães ricas não amamentarem seus filhos. Surgiu assim a necessidade das amas-de-leite, inicialmente as próprias índias e mais tarde substituídas pelas escravas africanas.

            A medicina higienista do século XIX passou a condenar o aluguel das amas-de-leite, resgatando a maternidade e a amamentação como essenciais para a vida dos filhos.  Responsabilizando a mulher pela criação dos filhos, instituindo o dever de amamentar.O discurso higienista modificou os valores sociais em benefício das crianças. (SILVA, 2000).

            Em 1869, surgiram exceções ás regras higienistas. Surgiram justificativas para não amamentar, representadas inicialmente pela figura do leite fraco. Essas justificativas conseguiram diminuir a responsabilidade da mulher pela bem estar dos filhos sem, no entanto, abalar o discurso higienista.

Com o fim da escravidão, o Estado passou a incentivar o aleitamento materno para os mais pobres com o objetivo de assim, aumentar a mão de obra para o capitalismo e a industrialização.  A industrialização e o surgimento da sociedade consumista, também serviram de incentivo para o desmame precoce. Isso porque as mulheres saíram de casa para trabalhar e passaram a oferecer fórmulas lácteas e leite condensado para substituir o leite materno.

Na década de 70 surgiu o chamado desmame comercial, onde o Estado e os profissionais de saúde aderiram ao marketing dos substitutos do leite materno, partindo da idéia de que o leite materno deveria ser complementado com fórmulas industriais.

Em 1980 com o Programa Nacional de Incentivo à Amamentação, a indústria teve seu espaço reduzido. O PNIAM resgatou e incentivou o aleitamento materno, partindo do pressuposto de que amamentar era um ato puramente biológico e instintivo da mulher.

            Com a implementação do Programa Iniciativa Hospital Amigo da Criança, em 1992, associou-se o significado de proteção e apoio à amamentação, superando assim a formulação anterior do PNIAM que só observava aspectos de promoção. Resgatou-se a história de equívocos das políticas adotadas e dos falsos conhecimentos científicos. O novo modelo quer unir os determinantes biológicos e os condicionantes sociais e culturais, para criação de programas e rotinas de incentivo, promoção e proteção da amamentação. (ALMEIDA, NOWAK, 2004).

 

VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO

            O leite humano é um alimento perfeito, contém todos os nutrientes que a criança necessita para um desenvolvimento saudável. Entre esses nutrientes temos água, ferro, vitaminas, lactose, proteínas, gorduras, sais minerais e a enzima lípase que facilita a digestão das gorduras. O leite materno também rico em anticorpos e leucócitos que protegem contra as principais afecções da infância

Além de o leite materno ser um alimento completo e perfeito pra o crescimento e desenvolvimento saudável, o ato de amamentar favorece a ligação emocional entre mãe e filho. Este vínculo afetivo favorecera futuramente o relacionamento da criança com outras pessoas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994).

Mesmo com todas as vantagens e benefícios que o leite materno oferece a maioria das mulheres necessita de ajuda para amamentar. Situações como por exemplo, o choro intenso do bebê sem causa explicável,deixam as mães inseguras quanto a sua capacidade de produzir leite com qualidade e quantidade suficiente para alimentar o bebê. A ansiedade gerada por estas situações leva as mães a introduzirem precocemente suplementos alimentares.Assim gradativamente as mães acabam desmamando precocemente (MINISTÉRIO DA SAUDE, PMIAM, 1994).

            Assim as reais causas das dificuldades são a falta de apoio dos serviços de saúde e dos profissionais da área e a falta de apoio da família. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, ,1999).

Através da criação dos grupos de gestantes e do acompanhamento domiciliar das puérperas o Enfermeiro pode interagir e conhecer os medos, angústias e experiências anteriores que podem servir de informações importantes para favorecer o processo de amamentação. (CARVALHAES, PARADA, WINCKLER, 2005, p.409).

 

O ACONSELHAMENTO DAS MÃES

            O contato pessoal e o apoio contribuem para o sucesso do aleitamento materno. É importante que a mulher encontre o apoio necessário no momento de amamentar. Informações pelo rádio, artigos de jornal e conferências aumentam o conhecimento das pessoas, mas não alteram a atitude das mulheres (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994). O apoio individual é muito importante para convencer a mãe a colocar o aleitamento em prática.

            A conduta do profissional Enfermeiro, através de um acompanhamento da mãe no pós-parto ou de acompanhamento domiciliar, deve promover auxílio no momento em que esta encontrar dificuldades para amamentar.  O enfermeiro deve proporcionar um diálogo aberto para discutir as dificuldades, transmitir conhecimentos sobre a importância do aleitamento e auxiliar a corrigir problemas.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo realizado foi do tipo Pesquisa-ação com abordagem qualitativa.

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1996, p.14).

A abordagem qualitativa é utilizada pra interpretar fatos, procurar soluções para os problemas, interpretar atitudes ou comportamentos das pessoas e posteriormente formular hipóteses (SOARES, 2003).

Participaram da pesquisa puérperas que estiveram internadas na maternidade de um Hospital de médio porte da Região das Missões. Os critérios de inclusão da pesquisa foram: ser puérpera internada na maternidade da referida instituição e aceitar os termos para participação da pesquisa.

A pesquisa foi realizada na maternidade de um Hospital de médio porte da Região das Missões. O estudo foi realizado no período de Dezembro de 2004 a agosto de 2005.

Os dados foram coletados através de um instrumento tipo entrevista semi-estruturada durante a visita domiciliar. Para Cervo (1996) a entrevista semi-estruturada é uma conversa orientada a um determinado assunto ou objetivo, onde se utiliza um interrogatório para obter dados relevantes que serão utilizados para o estudo de fatos, opiniões e comportamentos, possibilitando também observações sobre a aparência e as atitudes do entrevistado

            Após foram analisados a luz do referencial teórico e de acordo com as vivencias obtidas pela atuação junto as puérperas. Foram respeitados os aspectos éticos conforme determina o Conselho Nacional de Saúde (CNS) na resolução 196/96 que regulamenta a realização de pesquisa envolvendo seres humanos. Os sujeitos participantes desta pesquisa foram informados dos objetivos da mesma, incluindo informações e demais esclarecimentos a respeito da participação livre, do sigilo e anonimato. Também foi requerido ás instituições de saúde participantes, uma autorização para a realização desta pesquisa.

 

APRESENTAÇÃO DOS DADOS

             Foram realizadas visitas ás puérperas enquanto estas permaneciam internadas.A maioria delas foi acompanhada durante a mamada, aproveitando o momento para corrigir problemas de má pega do seio, mau posicionamento da mãe durante a mamada.Foram orientadas também sobre as vantagens do leite materno em relação a outras fórmulas lácteas e suplementos.

            Também receberam orientação sobre os cuidados com as mamas, maneiras de manter a lactação efetiva e quanto aos problemas que dificultam a amamentação como o ingurgitamento mamário, fissura mamilar.

            Percebeu-se durante estas orientações, que muitas delas apesar de aceitarem bem a ajuda oferecida, acabavam utilizando chupetas, mamadeira e chás ainda em ambiente hospitalar, isso porque recebiam dicas e informações de pessoas de seu circulo social e familiar; mães, avós, sogras, vizinhas, amigas. A cultura e o circulo social em que cada uma delas se inseria influenciava diretamente as atitudes em relação ao aleitamento materno.

Das nutrizes atendidas pelo programa algumas aceitaram ser acompanhadas posteriormente, outras embora tenham aceitado as orientações no hospital não foram receptivas ao acompanhamento domiciliar. Aquelas que se mostraram receptivas em aceitar a visita domiciliar como forma de acompanhamento foram visitadas após o terceiro mês de vida do bebê, algumas delas mantiveram amamentação exclusiva até o terceiro mês as demais logo que chegaram ao domicilio iniciaram a utilização de formas lácteas.

Todas relataram que apesar de terem recebido as orientações no puerpério, acabaram seguindo as orientações de suas mães, sogras, avós e vizinhas que já tinham outros filhos, mesmo sabendo da importância do aleitamento materno.

Relataram também que não tiveram apoio dos companheiros e maridos, e que as exigências relacionadas às demandas domésticas ocupavam seu tempo de forma que a amamentação por requerer muito gasto de tempo não havia sido priorizada.

Considerando-se que as ações de acompanhamento e orientação dadas as mulheres durante o período de realização deste estudo não conseguiram ser ainda completas e efetivas em virtude de ser um trabalho que exige acompanhamento a longo prazo, e  os resultados apresentados são de dados preliminares, espera-se que com o transcorrer do projeto as ações realizadas possam vir a facilitar a interação do binômio mãe-bebê, estimulando nas mulheres uma consciência mais critica e favorável a amamentação.

[1] Acadêmica do 8º semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Regional Integrada – Campus Santo Ângelo, bolsista da extensão.

[2] Enfermeira (FURG, 1989), Mestre em Enfermagem (UFSC 2000), docente da Universidade Regional Integrada – Campus Santo Ângelo,orientadora do projeto de extensão.

[3] Enfermeira (FACEM 1985), Mestranda em Saúde Coletiva (UNIVALI 2005), docente da Universidade Regional Integrada – Campus Santo Ângelo, co-orientadora do projeto de extensão.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

BRASIL, Ministério da Saúde.Prevalência de aleitamento materno nas capitais brasileiras e no Distrito Federal. Brasília, 2001.

BRASIL, Ministério da Saúde, PNIAM. Como ajudar as mães a amamentar. Brasília, 1994.

GUERRA ALMEIDA, João Aprigio; REIS NOWAK, Franz. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, vol. 80, n.5, p.119-125, nov. 2004.

PARADA et. al. Situação do Aleitamento materno em população assistida pelo programa de saúde da família-PSF. Revista Latino-americana de Enfermagem, vol. 13, n.3, p. 407-414, mai- jun. 2005.

REA, Marina; VENÂNCIO, Sônia. Avaliação do curso de aconselhamento em amamentação OMS/UNICEF. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, vol. 75, n.2, p.112-118.

SILVA, Isília Aparecida. Desvendando as faces da amamentação através da pesquisa qualitativa. Revista Brasileira de Enfermagem, vol.53, n.2, p.241-249, abr-jun. 2000.

SOARES, Edvaldo. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 7.ed. São Paulo:Cortez, 1996.

Vivências, Erexim. v.1, nº 1, p. 36-43. Outubro, 2005