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  INFORMES

 

Extensão Universitária:

base legal e princípios norteadores

Lionira Giacomuzzi Komosinski*

Este texto tem como objetivo reunir algumas idéias e alguns dados relativos à Extensão Universitária. Nele estão o conceito adotado, o embasamento legal deste componente curricular, seus princípios norteadores e um breve informe sobre a Extensão Universitária na URI.

Extensão: como a entendemos?

A Extensão Universitária é um processo educativo de conotação cultural, artística e científica, que promove a integração da universidade com a sociedade, através de atividades de ensino e pesquisa desenvolvidas no âmbito da academia. E é esta integração que possibilita a reciprocidade das relações da Universidade com a sociedade, reconhecendo em ambas, possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento do saber popular e científico. Juntamente com o ensino e a pesquisa, constitui-se num dos pilares da Universidade brasileira.

Qual sua legalidade?

A Extensão Universitária tem sua sustentação legal na Constituição Federal (art. 207), na LDB (Lei 9.394 de 1996), no Plano Nacional de Educação (objetivos e metas nº 23, item B-Educação Superior) e no Estatuto da URI (art. 5º, inciso VI).

O artigo 207 da Constituição Brasileira dispõe que "as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa, de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão".

O cap. 4, art. 43, parágrafo 7 da LDB determina que a promoção da extensão seja “aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição”.

O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172, de 09/01/2001) preconiza que através da implantação do Programa de Desenvolvimento da Extensão Universitária deve-se destinar 10% do total de créditos exigidos para a graduação no ensino superior público à atuação dos alunos em ações extensionistas, para os cursos que assim o desejarem.

O Estatuto da URI, ratificando a LDB, traz como uma de suas finalidades “promover a Extensão, aberta à participação da população, visando à difusão dos avanços e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na Universidade”.

Como se vê, ensino, pesquisa e extensão, as três funções básicas da Universidade, devem ser equivalentes e merecer igualdade de tratamento por parte das instituições de ensino superior, pois, ao contrário, estarão violando esses preceitos legais, mascarando seu compromisso social e formando pessoas alheias às necessidades do meio em que deverão atuar.

Extensão: como está na URI?

Fazer Extensão na URI é ainda, como em muitas outras universidades brasileiras, algo muito novo se não em suas atividades que, de certa forma, sempre existiram ao menos em sua sistematização, em seus registros e na sua avaliação.

Desenvolver atividades de Extensão, compreendendo-a como um conjunto de ações que vinculam ensino/pesquisa e sociedade, articulando a Instituição com os diversos segmentos sociais (entidades governamentais, setor privado, comunidades carentes, movimentos sociais e público consumidor de conhecimentos, artes e serviços) constituiu, nos últimos anos, a tarefa principal da Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação e dos Departamentos da URI.

O que a move, é a concepção, nem sempre fácil, de pôr em prática, que:

·        o ensino precisa da pesquisa para oxigená-lo, aprimorá-lo e inová-lo, pois, ao contrário, corre o risco da estagnação; o ensino necessita da extensão para levar seus conhecimentos à comunidade e complementá-los com aplicações práticas;

·        a extensão precisa dos conteúdos, dos acadêmicos e dos professores para ser efetivada A extensão necessita da pesquisa para diagnosticar e oferecer soluções para problemas diversos com os quais irá deparar-se, bem como para que esteja constantemente se atualizando;

·        a pesquisa apóia-se nos conhecimentos detidos pelo ensino, como base de partida para novas descobertas. Além disto, a pesquisa depende do ensino e da extensão para difundir e aplicar sua produção e, assim, indicar-lhe os novos rumos a seguir.

 

Tendo estes conceitos como norteadores de sua ação e as necessidades apontadas pelas pesquisas, os diversos Cursos oferecidos na URI, através dos Departamentos a que estão vinculados, organizam programas de extensão que, uma vez aprovados em nível de Câmara e de Conselho Universitário, são desenvolvidos nos campi  de Erexim, Frederico Westphalen, Santo Ângelo, Santiago, Cerro Largo e São Luiz Gonzaga. As atividades, somadas, beneficiam a mais de cem municípios.

A URI tem como um de seus objetivos “formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento para o exercício profissional e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira”  A qualidade e o sucesso dos profissionais formados por ela estão diretamente ligados ao nível de desenvolvimento, equilíbrio e harmonia entre o ensino, a pesquisa e a extensão  promovidos na Universidade. É difícil conceber universitários bem formados sem a influência dessa formação sistêmica, interdependente e complementar.

A extensão, como se depreende do já dito, é um componente curricular diretamente vinculado ao compromisso social da Universidade, por isto empenhada na resolução de problemas que perturbam a população, mas que podem e têm sido  solucionados. Com base no Plano Nacional de Extensão desenvolvem-se programas e projetos em torno dos seguintes eixos temáticos:

 

·        Preservação e sustentabilidade do Meio Ambiente;

·        Promoção à saúde e à qualidade de vida;

·        Educação Básica;

·        Desenvolvimento da cultura;

·        Transferência de tecnologias apropriadas;

·        Atenção integral à criança, adolescente e idoso;

·        Capacitação e qualificação de Recursos Humanos e de Gestores de Políticas Públicas;

·        Reforma Agrária e trabalho rural.

  

Dentre os programas em desenvolvimento, destacam-se:

Cultura

¨       Programa URI Arte.

Direitos Humanos

¨       Programa Centro de Assistência Jurídica;

¨       Programa Centro de Práticas Sociais;

¨       Programa Talentos da Maturidade.

Educação

¨       URI Solidária;

¨       Programa Interinstitucional  de Integração da Universidade com a Educação Básica – PIEB;

¨       Rede Transandina de Educação, Desenvolvimento Científico, Tecnológico e Cultural;

¨       Programa de Cooperação Internacional Brasil-Itália;

¨       Programa Bolsas de Extensão;

¨       Programa de Cooperação Acadêmica URI/UNAN

¨       Programa URI Ler;

¨       Programa de Extensão e Assessoria Pedagógica e Psicológica – PEAP;

¨       Programa Teologia e Vida;

¨       Programa de Extensão URI Linguagens.

 

Meio Ambiente

¨       Programa de Extensão Ciências Ambientais.

Saúde

¨       Programa URI Esporte;

¨       Programa Mulher;

¨       Programa Vida;

¨       Programa Saúde e Solidariedade.

Tecnologia

¨       Programa Rede de Desenvolvimento Gestão e Controle Organizacional;

¨       Programa de Extensão de Difusão de Tecnologia;

¨       Programa de Extensão de Ciências Exatas – PECE.

OBS: A caracterização de cada Programa está disponível no site: www.reitoria.uri.br

  

As atividades de extensão têm o apoio da FURI que destina  0.5 % de sua receita para custear projetos, o que é complementado por diversas agências externas de fomento. Parte da carga horária dos professores que possuem regime de trabalho de tempo integral ou parcial é destinada à extensão que conta também com a participação de acadêmicos atuando como voluntários ou como bolsistas. Cabe ainda registrar a participação de parceiros da comunidade, o que favorece o intercâmbio universidade/sociedade

O resultado do trabalho realizado por esses extensionistas é divulgado, anualmente, durante o Seminário Institucional de Extensão e também através de artigos/ensaios publicados em periódicos especializados. Desta forma, leva-se à comunidade não acadêmica o ensino, a pesquisa e a extensão, esta, coroamento de ambos, àqueles que nunca estiveram ou que já estiveram na URI.

 * Pró-Reitora de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação da URI

 

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Universidade/ Cultura/ Comunidade

Claudete Boff*

 

              O Centro de Cultura Missioneira da URI sente-se honrado em participar da Revista Eletrônica da Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação de nossa Universidade.  Este novo meio de divulgação das pesquisas realizadas na URI possibilitará de forma rápida e eficiente a intercomunicação, os cruzamentos e as interfaces que este instrumento oferece aos pesquisadores (professor/aluno) e a todos os interessados na leitura e atualização de conhecimentos e das últimas pesquisas realizadas na Universidade.

 

              Nas linhas temáticas elegidas pelo MEC está a CULTURA, e é neste sentido, que o CCM vem trabalhando, porque entende a cultura como uma dimensão qualificadora do ser humano. Nosso pensar, nosso planejar, nossos gestos, nossas ações são expressões da nossa cultura e a ela atribuirmos significados que expressam nossa prática social

.

               Às vésperas de completar 21 anos, simbolicamente chegamos à maturidade. O CCM atento aos seus projetos educativos traz questões interdisciplinares com a história, a literatura, a arte, a religião, o turismo e com as questões sócio-econômicas. Ele tem discutido com a comunidade acadêmica e a comunidade em geral, incluindo aqui turistas, visitantes dos municípios da região, escolas do Ensino Fundamental e Ensino Médio, o passado histórico e as perspectivas de desenvolvimento.  Essas reflexões acontecem através de palestras, seminários, colóquios, oficinas, vídeos e exposições didáticas e artísticas, além de orientações de pesquisas e publicações.

 

               A Rota Internacional Missões Jesuítico-Guarani tem viabilizado um fluxo turístico de estudantes e pessoas que desejam conhecer a região. Com atenção especial à nossa clientela, o nosso trabalho se volta, também, para o estudo da formação histórico-cultural dos municípios missioneiros. Através de trabalhos e monografias orientados pelos professores que atuam no CCM. Essas pesquisas são disponibilizadas em nossa biblioteca setorial, onde todo o visitante interessado no tema tem acesso. Da mesma forma, nosso site que pode ser localizado na página da URI, privilegia o caráter multicultural da região missioneira.

 

*Coordª. do Centro de Cultura Missioneira CCM/URI

 

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Museu: local de novas relações sociais.

Elisabete Maria Zanin*

            Sempre que ouvimos falar em museu, a primeira idéia que nos vem à cabeça é de um local que guarda objetos antigos. Seria uma espécie de caixa-forte de uma coleção, encerrada para exposição em algum momento muito especial para apreciação do público.

            Felizmente, para muitos, o museu já é entendido como um espaço de maior diálogo e integração social, onde é possível ver resultados de pesquisas numa linguagem acessível e capaz de propiciar a chamada educação não formal. Uma das mais completas definições diz ser o museu “uma instituição a serviço da sociedade que adquire, conserva, comunica e expõe com a finalidade de aumentar o saber, salvaguardar e desenvolver o patrimônio, a educação e a cultura, bens representativos da natureza e do homem” (GIRAUDY, 1990, 10p.). 

Atualmente, a idéia de museu como simples depositário e refúgio nostálgico está dando lugar à idéia de um museu-escola, museu-laboratório e museu prestador de serviço público que, abrindo-se, transpõe seus muros e torna-se um museu aberto, no qual a comunidade se encontra e expressa. Estamos na época em que o museu, inserido em uma política cultural de educação, torna-se o ponto de encontro privilegiado do patrimônio e da sociedade e reflexo de um meio ambiente social, cultural e humano. Podemos dizer, então, que o museu é, atualmente, o lugar de expressão da sociedade e, colocando-se finalmente a seu serviço, passa a expressá-la.

            Um museu pode ser classificado como conservatório, na medida em que ajuda a preservar e a valorizar o patrimônio da cultura e da natureza de determinada população. Já, um laboratório, na medida em que é matéria de estudos teóricos e práticos em torno dessa população e de seu meio ambiente. E, uma escola, na medida em que auxilia na formação de especialistas interessados nessa população e em seu meio, incitando-a a aprender melhor os problemas do seu próprio futuro. Dessa forma, percebemos que os museus têm capacidade, por sua natureza, de relacionar pesquisa, extensão e ensino para o eficiente desenvolvimento da sociedade onde está inserido.

A equipe

            O museu, prédio aberto ou fechado, conserva o acervo graças a seu pessoal especializado, para estudo, educação e deleite do público, sendo suas coleções normalmente provenientes de um trabalho de pesquisa realizado pela própria equipe.

O trabalho científico dos técnicos do museu é completado pela participação de uma comunidade de habitantes que reúne as mais diferentes categorias, a qual trabalha junto aos monitores do museu, participando das ações coletivas dessa nova instituição. 

Mediadores privilegiados entre o museu e o público, os monitores ajudam este último a olhar e a entender os testemunhos colecionadas e expostos, e através deles, reencontrar-se.

            A tarefa dos técnicos de museus, denominados museógrafos, consiste em traduzir os objeto expostos de forma muito clara  às diversas categorias de público. A mesma exposição deve convir a todo o público do museu. A mensagem não passa por meio de palavras escritas nem pela fala, está contida na obra ou  objeto único, singular, raro ou banal, insubstituível enquanto instrumento de educação, cultura ou informação. O mesmo objeto pode adquirir um sentido e um valor muito diferentes conforme sua situação no ambiente criado por essa ou aquela série de objetos; daí a importância da qualificação dos técnicos.

O coordenador de um museu, normalmente, é um historiador especializado em arte, ciências naturais ou humanas, tecnologia, pedagogia e deve ser capaz, mediante suas próprias pesquisas, de formar e estudar as coleções sob sua responsabilidade. Enquanto “conservador”, cuida, juntamente com o restaurador, da saúde das aquisições tombadas nas melhores condições (clima, temperatura, luz, poeira, segurança contra roubos, incêndio). Enquanto museógrafo, expõe, em um espaço definido, as coleções de referência destinadas aos pesquisadores ou as coleções fundamentais que se destinam a um público mais amplo.

Por mais belas e completas que sejam as coleções, por mais adaptado que seja o prédio, a diferença entre um bom e um mau museu é freqüentemente devido à qualidade humana das pessoas que nele trabalham. Entusiasmo, confiança, rigor, desprendimento, abertura de espírito, sentido prático são tão importantes quanto títulos ou diplomas, bem como dimensões do prédio e a qualidade de seus escritos. Os que amam seu museu transmitem aos outros o desejo e as razões de amá-lo; e, sem amor, não há trocas vivas no museu.

As atividades 

Existem vários tipos de museus: museus de história natural, palácio da descoberta, museus de ciências, jardins zoológicos, instituições que conservam indumentárias, máquinas, fósseis, esqueletos, plantas, instrumentos agrícolas. Em cada um existem atividades específicas, porém, a atividade essencial de qualquer museu, após a aquisição e constituição de seu acervo, é a exposição dos objetos pelos quais é permanentemente responsável ou dos que toma emprestado para figurar em eventuais exposições temporárias, com o objetivo de criar um contato direto entre o acervo e os visitantes. 

Os objetos da coleção de um museu devem articular-se uns aos outros e adquirir sentido no espaço das salas que são percorridas pelo público. As técnicas museográficas são utilizadas com sutileza para que a mensagem dos objetos seja eloqüente entre os homens que os fabricaram e os que aprenderão a vê-los, compreendê-los e amá-los.

O Museu Regional do Alto Uruguai

             O MUSEU REGIONAL DO ALTO URUGUAI (MuRAU), de acordo com sua concepção, é interdisciplinar por excelência. Sendo assim, tenta ultrapassar a segmentação, recuperando o homem do seu ser e do seu pensar fragmentados. Tem como principais linhas de ação: coletar, catalogar, conservar, documentar e organizar exposições sobre a “memória regional”, contribuindo de forma decisiva à valorização e à conservação do patrimônio natural.

             No MuRAU encontramos o Museu de Ciências Naturais organizado em diversas coleções, nas quais destacam-se as de zoologia e botânica. Esta última organizada em um herbário denominado Herbário Balduíno Rambo (HERBARA).

 Podemos dizer que o Museu de Ciências Naturais é um espelho, no qual a população olha para si mesma para reconhecer-se e procurar a explicação para o território ao qual está ligada, juntamente com a das populações que a precederam na descontinuidade ou na continuidade das gerações. É um museu do homem e da natureza. É um museu do tempo, desempenhando um papel de informação e de análise crítica.

             Para atender a estudantes, comunidade em geral e pesquisadores, o museu conta com salas destinadas às exposições, ao acervo didático e à reserva técnica, sendo que as visitas são acompanhadas por monitores especializados.

             Entre as atividades desenvolvidas pelo MuRAU, destacamos as excursões científicas, intercâmbios com instituições de pesquisa, realização de eventos científicos específicos na área biológica como cursos, palestras, seminários e desenvolvimento de projetos de pesquisa.

             Para o MuRAU, como diz Georges-Henri Riviére, “é menos importante receber uma grande quantidade de público e disso se vangloriar, do que constatar se o visitante tirou proveito de sua visita, verificou, enriqueceu seus conhecimentos e fez algum intercâmbio, aguçou sua  curiosidade e seu espírito crítico, cultivou sua sensibilidade, sentiu prazer, estimulou sua criatividade, melhorou seu modo de vida, privada e pública.”

 

* Doutora em Ciências Biológicas. Coordenadora do

Museu Regional do Alto Uruguai e Curadora do Herbário Balduíno Rambo

 

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A Construção (em construção) da extensão na UPF

 

Profª. Ms. Marisa Potiens Zilio*

Desde que assumimos a Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade de Passo Fundo, em 2002, propusemo-nos a considerar a extensão como essencial na formação do aluno e também definirmos sua organização e perfil dentro de nossa universidade, analisando-a a partir de nós mesmos e também através de atividades de outras comunitárias, que compartilham conosco das mesmas ansiedades.

Encontramos uma extensão a definir. Vários e bons projetos há muito eram executados, pois a extensão da UPF apresentava bom desempenho. A filantropia, a cultura, os projetos de inclusão, a área da saúde e a da educação somavam 118 projetos. Em 2004 foram realizados 161.

Começamos, assim, por defini-la:

Movimento!

No momento, não conseguimos pensar em outra palavra que melhor expresse a extensão universitária do que “movimento”. Vivemos momentos de mudanças rápidas e significativas. Nossos paradigmas estão sendo questionados e modificados a todo momento. Nosso corpo, nossa mente, nossas ações são postos em alerta em nome da modernidade. O conhecimento efetiva-se na ação comunitária, no movimento. Fazer extensão é agir intrínseca e extrinsecamente num ir-e-vir de construção, não apenas do profissional, do cidadão, mas na busca da construção do homem, do humano, identificado consigo e com o social e, principalmente, no seu momento existencial. (UPF, VREAC, fôlder institucional)

Avançamos e percebemos que seus fundamentos e suas políticas não estavam bem definidos. Mesmo dentro das políticas institucionais (ainda hoje) a extensão é vista como um “apêndice”. Poucos a compreendem como um instrumento de ensino absolutamente necessário, se desejamos ampliar a visão do aluno, comprometendo-o sobremaneira com seu papel social e com a formação de sua cidadania. E complementamos:

A extensão vem para lembrar que o conhecimento não é um valor em si mesmo, mas somente quando agrega valor à vida.

As universidades reconstroem seu papel na medida em que trabalham a ética e a estética (o ser e o fazer) voltadas aos direitos humanos, tornando a vida mais digna, mais afetiva, mais parceira.

Lembramos aqui os eixos que sustentam a ação da UPF para que possamos manter o que chamamos de “nossa essência”:

-          a essência acadêmica, isto é, dar relevância ao que se faz, que é transmitir, produzir e gerir o conhecimento;

-          o pluralismo: às instituições de ensino superior cabe o rompimento de todas as fronteiras entre as ciências, as teorias e o próprio conhecimento. São elas as instituições plurais, científicas, políticas, sociais, econômicas, nacionais e internacionais. Pela própria natureza, não permitem o individualismo, a verdade absoluta, as vaidades pessoais. A própria etimologia da palavra “universidade” (universo e diversidade) supõe o pluralismo.

-          inserção na comunidade: responsável por socializar o conhecimento, somos chamados a construir o impacto social, as grandes transformações à formação da consciência, à produção do desenvolvimento (a responsabilidade social). Somos chamados a transformar nosso acadêmico e, por que não, o nosso professor, o nosso funcionário em empreendedores, investigadores e executores, em agentes de transformação, enraizados nas suas comunidades. (UPF, VREAC, fôlder institucional)

Começamos a nos perguntar como está institucionalizada a extensão e descobrimos que ainda é difícil se falar em carreira do professor extensionista, sem termos alcançado o mesmo status da pesquisa (aliás, outra que corre à margem dos ensinamentos para a maioria dos nossos alunos). A valorização da extensão é fundamental para fazer “universidade”, bem como sua integração com o ensino e a pesquisa.

O que a extensão representa para a universidade? O que a extensão representa para os professores? O que a extensão representa para os alunos?

Sem as atividades de extensão corremos um sério risco de nos tornarmos “colégios superiores” confinados (ao aprender) em salas de aula, com uma visão de aprendizagem retrógrada, empobrecida e enclausurada.

Dessa forma, começamos a traçar os objetivos da extensão e definimos nossa política. Definimos suas diretrizes, princípios e normas:

a)      a administração da extensão será sistêmica e democrática;

b)      a extensão universitária deverá ser prática acadêmica regular;

c)      os programas de extensão serão definidos em função dos objetivos estratégicos da universidade e de demandas concretas da sociedade;

d)      critérios de avaliação, de priorização e distribuição dos recursos para os projetos de extensão deverão ser claramente definidos;

e)      sistematização dos projetos de extensão.

Se a pesquisa leva o aluno à dúvida, ao questionamento, à busca de novas verdades, a extensão o insere na comprovação dessas verdades, no exercício profissional e cidadão. Coloca-o frente a frente com a realidade e, como universitário, no exercício de gerar mudanças dessas novas realidades.

Apesar dessa compreensão, a extensão ainda não tem a devida atenção nos projetos político-pedagógicos da maioria dos nossos cursos. Muitos resumem as atividades extensionistas a semanas acadêmicas, a algumas poucas palestras e seminários, ou a confinam nas atividades complementares. A interação com a comunidade exige bem mais do que isso, não desvalorizando, de forma alguma, as atividades já desenvolvidas.

Alguns, ao lerem este artigo, poderão perguntar-se se já não o fazemos. Claro que sim! Mas necessitamos saber quantos desses projetos envolvem o aluno, ou melhor, se todos os alunos participam de atividades de pesquisa e extensão como realmente deveriam fazê-lo.

Concluímos que, na verdade, o princípio da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão é o único e o verdadeiro princípio a traçar os caminhos de uma universidade para superar as dificuldades de sua institucionalização.

* Vice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários - Universidade de Passo Fundo

Bibliografia:

-   Política de Extensão: 2002 – 2006 / Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários. Passo Fundo: UPF, 2004.

-   UPF, Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, folder institucional. 

* Colaboram na composição do presente artigo os professores Norah de Toledo Boor, Sérgio André Maffessoni, Luiz Antonio Lucca, Carmem Hessel Peixoto Gomes, Luiz Antonio Richter e Roque Gilberto Annes Tomasini

 

Vivências, Erexim. v.1, nº 1, p. 6-14. Outubro, 2005