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     Área Temática 3 - DIREITOS HUMANOS

 

O SERVIÇO SOCIAL NA ASSESSORIA AO

GRUPO DE PAPELEIROS DO BAIRRO SÃO JOSÉ

– NÚCLEO IV – EM FREDERICO WESTPHALEN

 

Eloísa Duarte1

Jane de Fátima Ues²

Luciane Warnava3

          

RESUMO: Este artigo relata a ação do Serviço Social na extensão universitária, realizada junto ao Grupo dos catadores de materiais reciclados do Bairro São José, de Frederico Westphalen, Núcleo IV, onde as ações se configuram através da assessoria, a qual visa promover a autonomia do grupo dos papeleiros, em sua organização, mobilização, participação e conscientização daquilo que os identifica e os faz tornarem-se um grupo com objetivo comum, ou seja, renda e trabalho para a sustentabilidade de suas famílias. Neste contexto o Serviço Social tem papel fundamental ao desencadear, através da extensão, a instrumentalização acerca da identificação de respostas as suas necessidades para que, deste modo, possam exercer a plena cidadania, tendo melhores condições de vida.

 

Palavras-chave: Serviço Social, Assessoria, Questão Social.

 

Abstract: This article tells the action of the Social Service in the university extension, achieved along the Group of collectors of recycled materials of the São José Quarter, of Frederico Westphalen, Nucleus IV, where the actions configure through the assessor ship, which aims to promote the autonomy of the group of the collecters, in its organization, mobilization, participation and awareness of that it identifies and makes them to become a group with common objective, or either, income and work for the to supportability of its families.  In this context the Social Service has basic function when unchaining, through the extension, the instrumentalization concerning the identification of answers to its necessities so that, in this way, they can exert the full citizenship, having better conditions of life. 

KEY-WORDS:  Social Service, Assessor ship, Social Matter.

 

Área Temática: Direitos Humanos

 

       A ação do Serviço Social, através da assessoria no Grupo dos Papeleiros se configura no estudo, na pesquisa e na aplicação do conhecimento adquirido. Assim o objetivo principal é à mobilização, visando à conscientização até que se concretize a organização do grupo enquanto proposta de associativismo ou cooperativismo.

 Deste modo, há a construção e o envolvimento naquilo que identificamos como processo de amadurecimento na troca do conhecimento entre a comunidade atingida e a própria Universidade.

                  Desta forma a ação do Assistente Social na assessoria se configura no acompanhamento do Grupo dos Papeleiros onde o procedimento metodológico, na construção do saber profissional realiza-se num movimento de crítica, de construção do conhecimento e da ação. Este movimento vai do particular para o geral numa realização dialética e contínua de ação e conhecimento da realidade na intenção de transformar, envolvendo a mobilização, visando a conscientização, até chegar na organização, perseguindo a orientação da autora Maria Luiza de Souza:

 

“A mobilização supõe, também, arregimentação de pessoas em torno de objetivos apresentados por outros grupos sociais, objetivos capazes de sensibilizar temporariamente a população sem, contudo, chegar a agir sobre elas para reflexão e ação sobre o cotidiano. A mobilização e a grupalização, contudo, podem lançar elementos que predisponham a população a uma posterior reflexão e ação sobre o seu cotidiano, e, neste sentido, são processos valiosos que podem desembocar em organização social”. (SOUZA,2000: 93)

 

 

      Nesta perspectiva a mobilização sensibiliza e pode gerar conscientização do grupo, através de elementos que provoquem uma reflexão e ação sobre o cotidiano, acerca da organização social. Segundo a mesma autora:

 

Conscientização é organização, pois supõe tomada de atitude que implica a compreensão da força social da população quando articulada e organizada. Por sua vez, organização é conscientização, pois a população projeta, avalia e confronta sua força social com a dinâmica da realidade social. As novas atitudes tomadas, as novas alianças que vão garantindo, reforçando e ampliando a força social são, ao mesmo tempo, conscientização e organização”. ( Idem).

 

 

                  Portanto é através da conscientização, que o grupo percebe a necessidade de organização, de planejamento e de avaliação de suas atividades, para desta forma adquirirem e garantirem a ampliação da sua força social, reivindicando os seus direitos, enquanto grupo organizados, conscientes e preparados para o enfrentamento das expressões da questão social, que segundo Iamamoto:

 

(...) É ela em suas múltiplas expressões, que provoca a necessidade de ação profissional... Pesquisar e conhecer a realidade é conhecer o próprio o próprio objeto de trabalho, junto ao qual se pretende induzir ou impulsionar um processo de mudanças...” (Iamamoto, 1998:62)

 

                  Sendo a questão social o objeto de trabalho do Serviço Social, é necessário a extensão para conhecer a realidade onde estão inseridas as suas múltiplas expressões, fornecendo matéria-prima para a pesquisa e, ao mesmo tempo produz o enfrentamento dessa realidade através de seu arcabouço teórico metodológico. Segundo Iamamoto:

 

 

Sendo a questão Social a base de fundação do Serviço Social, a construção de propostas profissionais pertinentes requer um atento acompanhamento da dinâmica societária, balizado por recursos teórico-metodológicos, que possibilitem decifrar os processos sociais em seus múltiplos determinantes e expressões, ou seja, em sua totalidade (...) (1998 : 262)”.

 

 

      A questão social é base fundante do Serviço Social em suas múltiplas expressões que se manifestam no cotidiano dos usuários e o papel do Assistente Social é estar atento a essas mudanças propondo alternativas para o enfrentamento das mesmas. Sendo assim o conhecimento da problemática do Grupo dos Papeleiros foi possível, devido ao projeto de intervenção desenvolvido pelas estagiárias do Curso de Serviço Social junto ao Promenor. Percebeu-se que a questão social é de ordem econômica gerando outras problemáticas, tais como:

a) Baixa renda familiar;

b)trabalho infantil;

c)Trabalho informal;

d)Trabalho predominantemente feminino;

c)Analfabetismo adulto.

                  Observou-se desta forma que a população em tela sente-se excluídos socialmente e economicamente, deixando claro seu sentimento em relação à discriminação sofrida por serem catadores de papelão, pois são identificados como “lixeiros”. No entanto para eles o lixo significa trabalho e uma maneira de sobrevivência digna. Entende-se que isso é reflexo de um sistema capitalista excludente, onde as oportunidades, principalmente de emprego não são iguais para todos, exigindo qualificação profissional sem condições de conquistá-lo, onde a reeducação de adultos para o mercado de trabalho neste país não é considerada prioridade inexistindo uma sociedade igualitária, lugar em que as pessoas valem pelo que são, e não pelo que tem.

                  A questão social diagnosticada no Grupo dos Papeleiros do B: São José é extremamente acentuada na ordem econômica, gerando pobreza, miséria, e necessidades das mais diversas modalidades. Espera-se com esta proposta que haja, a ampliação dos direitos sociais, onde o exercício da plena cidadania auxilie cada um na busca de seus direitos, como também na maneira de interagir com o meio em que vivem. Para Pedro Demo, uma das conquistas mais importantes no fim deste século é o reconhecimento da cidadania, definida por ele como:

 

Competência humana de fazer-se sujeito, para fazer história própria e coletivamente organizada... para o processo de formação dessa competência alguns componentes são cruciais, como educação, organização política, identidade cultural, informação e comunicação”. (Demo, 1995:1).

 

                  A cidadania é o componente fundamental para o desenvolvimento, como também elemento indispensável na luta pelos direitos humanos, e para a emancipação dos indivíduos, sendo o Serviço Social o mediador dessa passagem da exclusão para a inclusão social, que segundo Demo:

 

(...) A competência de fazer-se sujeito precisa ser correspondida com a competência da auto-sustentação. O que mais escraviza o homem é, primeiro, a ignorância, que o impede de saber-se escravo e, por conseqüência, de reagir, e, segundo, a carência material que o obriga a depender para sobreviver. Assim a consciência crítica não é suficiente para que se faça um sujeito histórico competente, enquanto depender dos outros para manter-se”. (Demo, 1995)

 

                  O sujeito enquanto dependente de outros, não se dá por conta de sua condição de alienação, não conseguindo desta maneira, sair desta situação sozinho, sendo necessário à intervenção do Serviço Social para que ele se autodetermine, que segundo Pavão:

 

(...) a autodeterminação visa conseguir metas de Serviço Social, à medida que certa situação de acomodação e conformismo são ultrapassadas, para ceder lugar a uma perspectiva de mudança, com uma total participação do cliente na tomada de decisão, que “significa essencialmente, selecionar as alternativas disponíveis e realizar a escolha”. (pavão, 1988: 69)

 

                  Nesse processo de autodeterminação ainda segundo Pavão “Cabe ao Assistente Social, ajudar seus clientes a fazer escolhas, preservando seu direito à autodeterminação, como salvação básica de sua identidade”. O Assistente Social deve ajudar o usuário nas suas escolhas, sem, portanto interferir na sua decisão. Para o Serviço Social a autodeterminação é essencial como valor da dignidade de todo ser humano explicita num dos pressupostos da profissão.

                  Entende-se que ter autonomia é ter liberdade, é poder fazer suas próprias escolhas. Segundo o dicionário Aurélio “A autonomia é a faculdade de se governar por si mesmo (...) é a condição pela qual o homem escolhe as leis que regem sua conduta com autodeterminação, liberdade, independência moral ou intelectual”. Para que através dessa conquista, busquem o conhecimento de quais são os seus direitos, e isto incida na sua qualidade de vida com a efetivação de seus direitos sociais, e que se faz necessário interagir com este grupo. Como afirma Paulo Freire:

 

“(...) a educação deve proporcionar três (3) impactos relevantes: 1º) o fomento da consciência crítica - saber pensar, questionar, argumentar, construir (...) -2º) o fomento à cidadania organizada- a cidadania coletiva é decisiva; organizar consciências críticas, para que juntas possam realizar confronto com chaves de vitória-3º) o fomento à intervenções alternativas-passar da teoria para a prática, ou seja, montagem da nova práxis(...)”. (FREIRE, 2001:94)

 

 

      Através das ações realizadas pelo Serviço Social, resgatar a autonomia do sujeito, que para Paulo Freire se configura enquanto: “O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder aos outros”. (FREIRE,1996:59). A autonomia, portanto não é um favor, mas precisa ser fomentada e eticamente respeitada, para que desta maneira haja alternativas a fim de conquistar a cidadania organizada.

                     Desta forma a ação do Serviço Social junto aos Papeleiros do B: São José através do grupo busca respostas conscientes e positivas, pois transcende seus próprios limites, ao atuar de forma organizada assumindo o seu papel de agente de mudanças.  É nesta perspectiva que a extensão no Serviço Social se configura quando assessora o Grupo dos Papeleiros do Bairro São José.

 

 

¹ Assistente Social. Professora e Coordenadora do Curso de Serviço Social da URI-Campus de Frederico Westphalen. Mestre em Ciências Sociais Aplicadas. Supervisora do Grupo de Estudo, Pesquisa, Extensão e Ensino na Assessoria em Serviço Social-GEPEASS.

² Acadêmica do VI semestre do Curso de Serviço Social da URI-Campus de Frederico Westphalen. Estagiária do Grupo de Estudo, Pesquisa, Extensão e Ensino na Assessoria em Serviço Social-GEPEASS.

3 Acadêmica do VI semestre do Curso de Serviço Social da URI-Campus de Frederico Westphalen. Estagiária do Grupo de Estudo, Pesquisa, Extensão e Ensino na Assessoria em Serviço Social-GEPEASS.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

DEMO, Pedro- Cidadania Tutelada e Cidadania Assistida- Editora.Autores Associados, Campinas, São Paulo, 1995.

FREIRE, Paulo-PEDAGOGIA DO OPRIMIDO-São Paulo: Paz e Terra, 2001.

FREIRE, Paulo -PEDAGOGIA DA AUTONOMIA-Saberes necessários à prática Educativa-30ª Edição-São Paulo: Paz e Terra, 1996.

IAMAMOTO, Marilda V-O Serviço Social Na Contemporaneidade: Trabalho e Formação Profissional-Cortez, Sp, 1998.

NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO-SÉCULO XXI-VERSÃO 3.0, Editora Nova Fronteira, 2004.

Vivências, Erexim. v.1, nº 1, p. 53-57. Outubro, 2005