Área Temática 3 - DIREITOS HUMANOS

VOLUNTARIADO UMA EXPRESSÃO ORGANIZADA EM FREDERICO WESTPHALEN-RS

Tânia Mara Minetto¹

Luciane Warnava²

           Resumo: O referido trabalho apresenta as ações da Unidade Parceiros Voluntários da URI- Campus de Frederico Westphalen, através do Programa de Estímulo ao Trabalho Voluntário -PETV do Rio Grande do Sul, no Município de Frederico Westphalen, que tem por objetivo organizar a oferta e a demanda do trabalho voluntário, estimulando a comunidade a disponibilizar seu tempo, talento e conhecimento para melhoria da qualidade de vida local. Para a concretização desse trabalho foi implantado o Projeto Piloto da Unidade Parceiros Voluntários –URI-Campus de Frederico Westphalen, seguindo com a verificação do potencial de participação e envolvimento da comunidade com as demandas sociais locais. Tendo como meta inicial conveniar 05(cinco) Organizações da Sociedade Civil-OSC’s, e, consecutivamente realizar a captação de Voluntários Pessoa Física-VPF, com mobilizações, cadastramento, sensibilizações, acompanhamento e organização das atividades, sob orientação da ONG-Parceiros Voluntários.               

   Palavras-chave: Cultura, voluntariado, Cidadania.

        Abstract: The related work presents the actions of the Voluntary Partners Unit of the URI- Campus of Frederico Westphalen, through the Program of Stimulation to the Voluntary Work - PETV of the Rio Grande Do Sul, in the City of Frederico Westphalen, that has for objective to organize the offers and the demand of the voluntary work, stimulating the community to get available its time, talent and knowledge for improvement of the local quality of life.  For the concretion of this work was implanted the Pilot Project of the Voluntary Partners Unit URI-Campus of Frederico Westphalen, following with the verification of the potential of participation and evolvement of the community with the local social demands.  Having as initial goal to make convention 05(five) Organizations of the Civil Society and, consecutively to achieve the capitation of Natural Person Volunteers VPF, with mobilizations, cadastre, sensitizations, accompaniment and organization of the activities, under orientation of the Ong- Voluntary Partners. 

KEY WORDS:  Culture, Voluntary Work, Citizenship.

Área Temática: Direitos Humano

                  A discussão sobre voluntariado no Brasil tem-se intensificado desde o final dos anos 90, que vem associado às relações e estruturas da sociedade, nos mais diversos contextos, e com os mais diversos significados, conseqüências e possibilidades,  contudo é marcado pela diversidade de motivação e busca de uma sociedade mais igualitária, com justiça social e menos excludente.  A constituição de 1988 preconiza que a Sociedade com o Estado entram num embate intenso pela inclusão social.  No entanto percebemos que em Frederico Westphalen as ações voluntárias são uma característica da comunidade, pois se constatou que há um envolvimento e comprometimento com os programas e Organizações Sociais, pois essas ações fazem parte da sua cultura. Essa característica da sociedade Frederiquense, facilitou a implantação do  Projeto Piloto da Unidade Parceiros Voluntários, que tem por objetivo  desenvolver o Programa de Estímulo ao Trabalho voluntário -PETV, de forma a organizar a oferta e a demanda do trabalho voluntário no município, uma vez que esse trabalho vinha sendo efetivado de forma espontânea sem documentação, nem orientação, estimulando assim a comunidade á disponibilizar seu tempo, talento e conhecimento para melhoria da qualidade de vida local, e ao mesmo tempo, despertar nas pessoas o espírito de responsabilidade social individual.

                  Conforme, manual da Parceiros Voluntários (2002,p.8), responsabilidade social individual “é o principio de todo processo de mudança que certamente resultará num ser humano melhor. Implica fundamentalmente uma postura de construtor, colaborador e transformador numa causa comum”.

                  Acreditamos num ser humano consciente de suas responsabilidades, e o vemos como um agente transformador da realidade vivenciada na sociedade. O voluntariado é uma escolha pessoal, cada pessoa sabe das suas necessidades e responsabilidades. Muito embora as Organizações de Frederico Westphalen tinham a disposição o voluntário, foi identificado através de visitas e entrevistas que nem as Organizações nem os Voluntários tinham consciência da legislação e da importância desse trabalho. Nesse sentido foi realizado o convênio com as OSC’s, e ao mesmo tempo identificando as demandas das Organizações, orientando sobre a importância da organização do trabalho voluntário e o significado dessa atividade para o voluntário e para a Organização.

                        Consecutivamente, foi realizado capacitações para coordenadores de voluntários, e captação de Voluntários Pessoa Física -VPF, sendo os mesmos cadastrados, orientados e posteriormente encaminhados para as Organizações já cadastradas na Unidade da Parceiros Voluntários.  

                  Conforme o Manual da Parceiros Voluntário;

Voluntário é toda pessoa ou organização que motivada pelos valores de participação, solidariedade, disponibiliza seu tempo, vontade e talento de maneira espontânea e não remunerada para causas de interesse social e comunitário. (2002, p.8),

                   É despertando nas pessoas seu verdadeiro valor enquanto ser humano, e é no   ato de voluntariar que nos disponibilizarmos para o outro, e assim alcançamos o real sentido da solidariedade remetendo a um posicionamento efetivo como ser humano e cidadão.

                  Sob o enfoque solidariedade, este tem seu fundamento na própria natureza do homem, que enquanto princípio social entende o individuo ligado à família e a relação cívica da comunidade, reconhecendo, “por um lado, a liberdade e a igualdade de todos seus membros, sob o aspecto da cidadania e, por outro lado, colocando num plano objetivo essa mesma liberdade e igualdade, a serviço de todos. Isto é, do bem comum quisto por Deus”. (Gundalack,1993.pg.61).

                  É importante salientar que o trabalho voluntário deve, portanto, gerar resultados a causa social pelo qual o faz, não deve trazer retorno financeiro para quem realiza, mas é indispensável que o reconhecimento e o sentimento seja demonstrado por parte da organização para com o voluntário, isso faz a diferença na qualidade do  trabalho desenvolvido na  organização e no voluntário.

                  Nesse sentido, seguindo o manual Operacional da Parceiros Voluntários, (2002, pág. 10) , “fazer a diferença não é prerrogativa de voluntário é uma busca de cada ser humano”. No momento que uma pessoa realiza um trabalho voluntário ela esta trazendo retorno à comunidade e satisfação a ela própria. Hoje trabalho organizado é sem dúvida nenhuma, a base do desenvolvimento do 3º setor.

                  Sob este enfoque, o Projeto Piloto da Unidade Parceiros Voluntários tinha como meta conveniar com cinco OSC’s, e cadastrar 30 Voluntários Pessoa Física e assim estar divulgando a idéia do trabalho voluntário organizado na comunidade. Hoje podemos afirmar que isso foi possível, pois, temos um total de 9(nove) Organizações e  90 voluntários ativos cadastrados na Unidade da Parceiros Voluntários URI- Campus de Frederico Westphalen.

                  Constatamos a importância do Programa, na fala da Coordenadora dos Voluntários do Lar dos Idosos - São Vicente de Paula;

 “[...] os idosos estão se movimentando mais, pois cada voluntário que chega aqui traz algo de novo, além de fazer com que os idosos se sintam mais felizes, os voluntários demonstram carinho, amizade, para com os nossos idosos, sendo muito gratificante para nós ver a animação deles, creio que para eles é mais importante ainda”. (2004). 

                   Esse retorno tem um valor inestimável quando se trata de qualidade de vida, especialmente em organizações não-governamentais que trabalha com os poucos recursos.

                  Contudo a cultura do voluntariado não pode se resumir em trabalhar com as pessoas que já tem esse estímulo ou já estão engajadas num projeto de cidadania diferenciado de seu contexto profissional.

                  Para tanto o projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania foi direcionado aos jovens, sendo que sua ação visa estimular e desenvolver a cultura do trabalho voluntário organizado aos jovens, com o objetivo de que os mesmos  reconheçam-se e sejam reconhecidos como cidadãos, conquistando seus espaços, e demonstrando suas capacidades, fazendo-os sentir parte das ações e agentes de transformação social. Tal projeto foi implantado em 2004, e no momento conta com a participação assídua de duas escolas do ensino fundamental, totalizando 150 alunos.

                  Nesse contexto a Unidade Parceiros voluntários da URI -Campus de Frederico Westphalen, através do Curso de Serviço social visa  desempenhar o papel de sensibilizações, divulgação, cadastramento, acompanhamento e organização de tais atividades, sempre dando o respaldo necessário para contribuir com um trabalho realmente efetivo, seguindo sempre com orientações da ONG - Parceiros Voluntários de Porto Alegre.

                  Assim, a cultura do trabalho voluntário está se destacando cada vez mais na sociedade de hoje, e o sociólogo Toro destaca que,

Toda ordem social é criada por nós. O agir ou não agir de cada um contribui para formação e consolidação da ordem em que vivemos. O caos que atravessamos na atualidade não surgiu espontaneamente. Esta desordem que tanto criticamos também foi criada por nós. Portanto e antes de converter a discussão em um juízo de culpabilidades, se fomos capazes de criar o caos, também podemos sair dele. Somos capazes de criar uma ordem distinta.

(1997 Pg.07,). 

                  Reforçamos aqui a certeza de que não aceitar a responsabilidade pela realidade em que vivemos é, ao mesmo tempo, nos desobrigarmos da tarefa de transformá-la, o autor afirma que somos capazes de criar um mundo onde todos tenham a possibilidade de ser  cidadãos, um mundo onde todos tenham uma vida digna, e isso basicamente se desenvolve através do envolvimento de todos, da participação e do comprometimento de cada ser humano, em prol de uma causa social existente na sociedade, ou seja, através de ações voluntárias. 

¹ _{Assistente Social. Professora do Curso de Serviço Social da URI /FW. Coordenadora da Extensão da Unidade Parceiros Voluntários, Especialista em Psicologia da Saúde do Trabalho}

_{2 Bolsista de Extensão/Parceiros Voluntários e acadêmica do 6º semestre do Curso de Serviço Social URI-Campus de Frederico Westphalen.}

Referências Bibliográficas: 

BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é Participação/ 6ª Ed. São Paulo, Brasiliense, 1993.

MANUAL, Parceiros Voluntários, 2004.

 TORO, José Bernardo, WERNECK, Nísia. Mobilização Social, um modo de construir a democracia e a participação. Brasília: ABEAS/UNICEF, 1997.