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     Área Temática 6 - SAÚDE

 

RELATO DE EXPERIÊNCIA DO FUNCIONAMENTO DA CLÍNICA-ESCOLA DO CURSO DE PSICOLOGIA - CAMPUS FREDERICO WESTPHALEN

Adriane Arteche[1]

Anelise Mondardo[2]

Carla Krás Borges Figueiredo[3]

Cláudia Androvandi[4]

Jane Aquino[5]

 

Resumo

Muitas são as responsabilidades assumidas pela Universidade, tanto em relação às demandas da comunidade na qual está inserida, quanto a necessidade de propiciar ao acadêmico, espaço para a integração teórico-prática, funções estas contempladas pelo Estágio Profissionalizante. No Curso de Psicologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Campus de Frederico Westphalen, dentre outras oportunidades, o aluno realiza, no último ano de sua formação acadêmica, o Estagio Profissionalizante de Psicologia Clinica o qual se desenvolve na Clínica-Escola. Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de idealização, planejamento e organização deste local de estagio, bem como apresentar dados dos seus primeiros anos de implantação.

 

Palavras-chave: clínica-escola, atendimento clínico.

 

Abstract

Many are the responsabilities taken by the university, as related to the demands of the comunity it belongs to, as well as to the need of providing the students, room for a theorical-practical integration, these activities are performed within the internship. In the Psicology course at Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Frederico Westphalen Campus, among other oportunities, the students gain supervised practical experience, in the last year of their graduation course, throught a clinical psicology internship, that is held at the school-clinic.

This work has the objective to report the experience of idealization, planing and organization of the internship site, and also to present some data about the first years of its implementation.

 

Key words: school-clinic, clinical practicing.

 

Área temática: Saúde

  

Introdução

A psicologia é uma profissão reconhecida, no Brasil, pela lei no 4.119, de 27 de agosto de 1962. Além de determinar que o Psicólogo habilitado para o exercício da profissão é aquele que completa o curso de graduação em psicologia, a lei estabelece que “o exercício da profissão está relacionado ao uso (que é privativo dos psicólogos) de métodos e técnicas de psicologia para fins de diagnóstico psicológico, orientação e seleção profissional, orientação psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento” (Bock,2000, p.150).

 

Embora historicamente tenha-se definido áreas de atuação para a psicologia, o psicólogo é, e sempre foi, considerado um profissional da saúde.

 

“Por se tratar de uma profissão preocupada com a promoção da dignidade e integridade humana, a saúde é um âmbito de atuação profissional dos psicólogos. Nesse sentido, a Resolução do Conselho Nacional de saúde, CNS nº 218/97, reconhece o psicólogo como profissional de saúde de nível superior” (Conselho Regional de Psicologia – CRP, 2006, p.09).

 

Neste sentido, como profissional da saúde, um dos campos de atuação do psicólogo é a esfera clínica. A concepção de psicólogo clínico tem, ao longo dos últimos anos, sofrido modificações que vão desde uma concepção clássica, na qual o psicólogo clínico é aquele que exerce atividade de psicodiagnóstico e/ou terapia individual ou grupal, até a definição de psicólogo clínico como aquele profissional

 

“que atua na área específica da saúde, procedendo ao exame de pessoas que apresentam problemas intra e interpessoais, de comportamento familiar ou social ou distúrbios psíquicos, e ao respectivo diagnóstico e terapêutica, empregando enfoque preventivo ou curativo e técnicas psicológicas adequadas a cada caso, a fim de contribuir para a possibilidade de o indivíduo elaborar sua inserção na vida comunitária “ (CRP, 2006, p.55)

           

Nesta tarefa de formação do psicólogo, os cursos de graduação em Psicologia, além de oferecer uma gama de conhecimentos teóricos em psicologia, devem garantir ao aluno um espaço para a prática supervisionada de atividades profissionalizantes, isto é, o estágio. Yehia (1996), quanto a este aspecto, afirma que o estágio de formação de psicólogos tem por finalidade propiciar ao estagiário situações que favoreçam o desenvolvimento de seu papel profissional. Para isto, é importante que o aluno possa vivenciar situações de atendimento psicológico a pacientes, assim como possa compartilhá-las com os colegas e o supervisor, ampliando e aperfeiçoando assim suas habilidades e competências.

 

Pensando em oferecer este espaço para estágio, são criadas em todo o Brasil, junto às Universidades, as chamadas Clinica-escolas de Psicologia, definidas por Silvares (2000) como clínicas criadas para estágio do aluno de graduação que atende a clientela da comunidade, supervisionado pelos professores supervisores.

 

Através das clinica-escolas, o curso de psicologia possibilita o treinamento de alunos, mediante a aplicação prática dos conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula, ao mesmo tempo em que, exerce um papel social de extrema importância, pois atende de imediato a demanda da comunidade local oferecendo à população economicamente desfavorecida uma possibilidade de acesso a serviços psicológicos gratuitos ou de baixo custo. Dentre esses serviços, encontram-se o de triagem, avaliação psicológica, psicoterapia individual da criança, do adolescente e do adulto, psicoterapia grupal e programas com enfoque preventivo.

 

“Estão sendo denominadas clínicas-escola, as clinicas psicológicas que oferecem primordialmente serviços de psicodiagnóstico e psicoterapia individual (grupal também) à população em geral (...) São clínicas-escola pois é nela que o estudante de psicologia faz grande parte de sua formação clínica, ou seja, a maior parte do grupo de profissionais que nelas trabalham é constituída por alunos, geralmente dos últimos anos da graduação em psicologia ” (Herzbeg, 1996, p.148).

 

Atualmente, tem sido crescente o número de estudos que voltam sua atenção para as Clínica-Escolas. Muitas destas pesquisas são realizadas com o intuito de promover uma caracterização da clientela de tais serviços, outras descrevem as experiências vivenciadas, os serviços oferecidos, a problematização das dificuldades inerentes ao trabalho clinico-institucional. Algumas pesquisas ainda propõem uma reflexão acerca dos objetivos das clinica-escolas, isto é, se estas suprem as reais necessidades da população atendida, permitindo se necessário uma modificação nos mesmos, no sentido de tornar as estratégias de atendimento e as técnicas psicológicas utilizadas mais apropriadas para a clientela (Yehia, 1996; Silvares, 1996; Salinas e Santos, 2002; Enéas, Faleiros e Sá, 2000; Silvares, 2000; Santos et all, 1993). O que todos estes estudos têm em comum é a idéia de que as clinica-escolas têm por objetivo oferecer atendimento à comunidade e formar alunos/estagiários.

 

Sendo que o atendimento aos pacientes é realizado por alunos/estagiários do curso de graduação em psicologia, a natureza didática do estágio deve ser garantida por meio da realização de supervisão efetiva das atividades por profissional qualificado, como garante o Código de Ética do Psicólogo. Assim, todos os serviços prestados nas clínicas-escola ficam sob a responsabilidade direta do psicólogo supervisor que deve verificar e acompanhar pessoalmente a capacitação técnica de seu aluno estagiário.

 

A supervisão, neste sentido, constitui um elemento primordial desta tarefa de formação do aluno estagiário. Morato (1996, p.89), neste sentido, afirma que

 

“a prática clínica também é endossada e legitimada em sua especificidade pela e na supervisão. Sem dúvida, é na consecução dessa prática que a transmissão dos conhecimentos e ensinamentos teóricos e técnicos é garantida. (...) É através da supervisão e no exercício de estágios profissionalizantes que o ofício e a aprendizagem dos conceitos teóricos e do manejo das técnicas se efetivam”.

              

Na supervisão o processo de aprendizagem acontece baseado no estudo conjunto do material que descreve a interação entre o paciente e seu terapeuta. Segundo Greenberg (1975), um dos objetivos mais importantes da supervisão é a integração teoria e clínica, ou seja, ensinar/aprender a adequar o instrumental teórico ao material clínico do analista.

 

Cardoso (1985) conceitua a supervisão em clínica como “a terapia do papel profissional”, onde não acontece um “olhar sobre” mas “olhar através de”. Nesta, o supervisor olha para o paciente através do terapeuta, vê a pessoa do terapeuta e permite a este olhar a si próprio, enquanto pessoa e enquanto profissional. Assim, como aponta Morato (1996), a supervisão, ancorada na necessidade e reconhecimento de elaboração da experiência de viver a experiência na experiência, está a condição de atividade imprescindível para a aprendizagem e formação do psicólogo.

 

Assim, as clínicas-escola, inseridas dentro de instituições de ensino superior, compartilham a mesma missão, qual seja, promover o ensino, a pesquisa e a extensão, tal como escreve Herzbeg (1996).

 

Na URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, o atendimento disponibilizado à comunidade através da Clinica-escola do curso de Psicologia, vem ao encontro das finalidades da instituição propostas no artigo 5º do seu estatuto, a saber: “estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regional, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade, respeitadas suas raízes e buscando seu pleno desenvolvimento; promover a extensão, aberta à participação da população, visando a difusão dos avanços e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológicas geradas na universidade” (URI - Plano de Desenvolvimento Institucional, 2006 a 2010, p.17).

 

A Clínica-Escola do Curso de psicologia da URI, cumprindo com as duas finalidades citadas por Yehia (1996) como desígnios das clínicas-escola de psicologia - atendimento a população e formação dos estagiários - também cumpre com a responsabilidade social desta Universidade: atender a população, trazendo melhoria das condições de vida das comunidades, contribuindo para o processo geral de desenvolvimento, assim como formação contínua e permanente de pessoas e profissionais qualificados solidários e comprometidos com a visão institucional para atuarem na sociedade.

 

A partir disso, este artigo tem como objetivo apresentar a experiência da clínica-escola do curso de Psicologia da Universidade Regional Integrada do campus de Frederico Westphalen. Para tanto, estão descritos abaixo o funcionamento e estrutura da Clínica-Escola da URI, as atividades desenvolvidas pelos estagiários, bem como alguns dados preliminares quanto ao perfil da clientela e características do atendimento psicoterápico realizado.

 

 
 
Apresentação e funcionamento da clínica-escola 

A Clínica Escola do Curso de Psicologia oferece campo de estágio e prática disciplinar em nível de graduação a alunos do curso de psicologia. Caracteriza-se pelo atendimento psicológico subsidiado, prestado a população de baixa renda de Frederico Westphalen, em situações especiais, como: crises vitais (da infância, adolescência, idade adulta e terceira idade); crises situacionais (por morte, separação, desemprego, intervenção cirúrgica, etc.); situações específicas como adoção, identidade de gênero em crianças, desequilíbrios psicossomáticos, etc; condições de privação de necessidades básicas (afetivas, sociais, econômicas, crianças institucionalizadas, marginalizados em vila, etc.).

 

Os serviços oferecidos pela Clínica-Escola incluem: avaliação psicológica; psicodiagnóstico; psicoterapia breve, os quais são realizados por estagiários de psicologia clínica e alunos matriculados na disciplina de Estágio Básico III (Psicodiagnóstico), sob supervisão de psicólogos (professores do curso de Psicologia) designados para esta tarefa.

 

O trabalho é feito de acordo com o referencial teórico seguido que, atualmente, é a abordagem psicanalítica. A equipe é composta por 5 supervisores, 2 secretárias e estagiários de psicologia clínica.

 

A Clínica-Escola ainda realiza junto à comunidade, os seguintes trabalhos:

 

§                    Projeto de acolhimento psicológico a universitários (PAPU)

§                    Assistência psicológica à criança hospitalizada

§                    Unindo esforços para efetivar mudanças: Uma proposta de parceria poder judiciário – Clinica-Escola do Curso de Psicologia

§                    Acompanhamento psicológico a mulheres gestantes e puérperas.

§                    Construindo soluções: orientação e acompanhamento a pais na vivencia da paternidade.

 

Esses trabalhos caracterizam-se por projetos que oferecerem à comunidade outras formas do fazer clínico, instrumentalizando o aluno estagiário a realizar intervenções que extrapolem exclusivamente o atendimento clínico individual.

 

A fim de garantir o bom andamento dos serviços oferecidos, a Clínica-Escola da URI, conta com a seguinte estrutura física: Biblioteca e Testoteca que contem um pequeno acervo de testes e livros e Sala dos estagiários para registro de prontuários e para leitura de textos.

 

A Clínica - Escola funciona das 9hs às 21hs, sem intervalo ao meio-dia, de segunda a sexta-feira, seguindo o período letivo da própria universidade, isto de 1º de março a 28 de janeiro. A distribuição de pacientes aos alunos estagiários respeita uma lista de espera. Os honorários cobrados pela Clínica-Escola tanto para as entrevistas de avaliação quanto para as sessões de psicoterapia são estabelecidos conforme tabela pré-estabelecida, privilegiando a questão simbólica envolvida no pagamento de ditos serviços, bem como respeitando tratar-se de pessoas de baixa renda.

 

Outras informações sobre o contrato de honorários (faltas, férias...) encontram-se descritas no documento intitulado: Termo de Orientação Administrativa, o qual deve o estagiário ler junto ao paciente, certificando-se de que o mesmo compreendeu e concorda. Neste documento encontram-se informações referentes à freqüência, duração e valor das sessões, faltas, horários, feriados, férias, supervisão, interrupção do tratamento, quebra de sigilo, troca de terapeuta e reajustes nos honorários. Além disso, todo paciente é informado da possível utilização dos dados para pesquisa. Sendo assim, o estagiário solicita o consentimento informado também já na primeira sessão.

 

Atividades do estagiário

Cada estagiário está envolvido nas seguintes atividades: Desenvolvimento, juntamente com o grupo, de um dos projetos anteriormente citados; atendimento de no mínimo 3 pacientes de psicoterapia breve, sendo que estes devem ser uma criança, um adolescente e um adulto; supervisão dos casos; seminários teóricos; reuniões de equipe; participação de comissões internas de funcionamento da clinica.

 

As supervisões acontecem semanalmente, em horários previamente estipulados junto a cada professor/supervisor do estágio, estando os alunos organizados em duplas. Para isto, o estagiário comparece a supervisão com o caso relatado no modelo solicitado pelo supervisor. O tempo de supervisão semanal é de 1h/aula.

 

Os seminários teóricos são realizados quinzenalmente, com a presença de todos os estagiários e coordenados por um supervisor, seguindo um cronograma previamente estabelecido. O objetivo é fornecer suporte teórico às atividades desenvolvidas. A leitura prévia do material indicado bem como a participação do aluno são considerados na avaliação.

 

As reuniões de equipe também acontecem quinzenalmente, intercalando-se com os seminários teóricos e são coordenadas pela psicóloga coordenadora da Clinica Escola do Curso de Psicologia. O objetivo é organizar aspectos burocráticos da clínica.

 

Para maior organização do funcionamento da Clínica, os estagiários se subdividem em comissões, responsabilizando-se por algumas tarefas. Assim, já na primeira reunião de equipe, cada estagiário se insere em uma das comissões, que são as seguintes: comissão social (responsável por arrecadar mensalmente, uma importância em dinheiro estipulada pelo grupo, para compras de mantimentos, responsabilizando-se também pela organização de eventos festivos); comissão dos arquivos  (responsável pela organização e manutenção do material burocrático); comissão das caixas (encarregada da organização das caixas de brinquedos, controle das salas, bem como da reposição dos materiais); comissão científica (encarregada da divulgação de eventos científicos, organização de apresentações de trabalhos na Clínica); comissão da biblioteca (responsável pela organização da biblioteca e da testoteca da clinica).

 

O estagiário cumpre um total de no mínimo 16 horas/aula semanais de atividades. Nestas horas estão incluídos os horários para as supervisões (3 horas/aula semanais), seminários (2 horas/aula quinzenais), reuniões (2 hora/aula quinzenais), desenvolvimento e supervisão das atividades do projeto (no mínimo 4 horas/aula semanais). Além destes, quatro horários devem ser distribuídos contemplando o atendimento de paciente adulto; adolescente; criança e atendimento a pais. As 3 horas restantes são utilizadas para a realização dos relatos das entrevistas que devem ser realizados no espaço destinado a este trabalho (Sala de Estagiários).

 

Destaca-se que constantemente são levadas em consideração sugestões fornecidas por toda a equipe para melhorias, bem como, ao final do estagio, reuniões de fechamento e avaliação do mesmo oferecem oportunidades para pensar e repensar esse modelo.

 

Resultados

Durante os dois primeiros anos do processo de estruturação da Clínica-Escola do Curso de Psicologia da URI/FW, foram realizados atendimentos pelos alunos da disciplina de Estágio Básico III (Prática em Psicodiagnóstico). Em 2003, a Clínica contou com 23 estagiários, que atenderam 23 pacientes. Em 2004, foram 21 estagiários, tendo sido atendidas 24 pessoas.

 

Em 2005, a Clínica passou então a funcionar também como local de estágio para o Estágio Profissionalizante em Psicologia Clínica, tendo ampliado a gama de serviços prestados à comunidade. Neste ano fizeram parte da equipe 21 estagiários de Psicologia Clínica e 19 estagiários de Estágio Básico III, além de cinco supervisoras.

 

Com esta nova realidade, durante o ano de 2005 foram atendidas 218 pessoas na Clínica-Escola, sendo que 89,5% dos atendimentos foram realizados pela equipe do estágio Profissionalizante em Psicologia Clínica – tanto no atendimento individual, quanto nas equipes dos projetos. O Gráfico 1 explicita esta informação.

 

                        Gráfico 1. Atendimentos Conforme Equipe Responsável

 

 

 

 


 

 

 

 

Além disso, em relação às diferentes faixas etárias, foram realizados 97 atendimentos de adultos, 60 de adolescentes, 58 de crianças e três de casais. Cabe ressaltar que, dos cinco projetos em andamento durante no ano de 2005, apenas um destinava-se ao atendimento infantil. Desta forma, abriu-se um número maior de vagas para adultos. O Gráfico 2 exemplifica estes dados.

 

            Gráfico 2. Atendimentos Conforme Faixa Etária e Equipe Responsável

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Um ponto fundamental da avaliação de um serviço de atendimento psicológico diz respeito às desistências. Na presente situação considera-se desistência a não conclusão do processo de avaliação ou de psicoterapia previsto pela díade estagiário-supervisor. Desta forma, estão incluídos como desistência aqueles atendimentos que o paciente nunca compareceu, aqueles que o mesmo compareceu apenas uma vez, e aqueles em que o paciente apenas não compareceu à última sessão.

 

A partir deste critério, dentre as 218 pessoas atendidas na Clínica-Escola, 96 (44%) desistiram do atendimento antes da conclusão do processo. Destes, o maior número de desistências encontra-se entre os adolescentes (58%), seguido dos adultos (40%) e das crianças (37,9%). Segue no Gráfico 3 a descrição das desistências conforme faixa etária e conforme equipe responsável.

 

                                   Gráfico 3. Número de Desistências por Faixa Etária

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Observa-se, ainda, que o maior número de desistência ocorre nos processos de psicoterapia, conforme pode ser observado no Gráfico 4.

 

                        Gráfico 4. Desistência Conforme Equipe Responsável

 

 

Considerações Finais

De forma geral, esse modelo de funcionamento da Clínica-Escola do Curso de Psicologia tem se mostrado útil, pois contempla as duas principais funções da formação na área clínica do estagiário de psicologia, que é oferecer serviços a comunidade, quanto contribuir para a formação teórico prática do estagiário.

 

Neste modelo de funcionamento, a diversidade de serviços de atendimentos psicológicos oferecidos à comunidade, abrangendo várias demandas dessa população, mostra a riqueza de experiências profissionais que o estagiário pode vivenciar, assim como oportuniza de várias formas promover a saúde mental e bem-estar da comunidade que carece desses serviços.

 

O crescente número de pessoas atendidas nas atividades oferecidas aponta a importância deste tipo de atendimento oferecido à comunidade e a importância de sempre continuar aprimorando o seu funcionamento.

 

 

[1] Doutoranda em Psicologia do Desenvolvimento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professora e Supervisora de estágio no curso de Psicologia da URI/FW.

[2] Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Professora e Supervisora de estágio no curso de Psicologia da URI/FW.

[3] Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Professora e Supervisora de estágio no curso de Psicologia da URI/FW.

[4] Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Professora e Supervisora de estágio no curso de Psicologia da URI/FW.

[5] Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Professora e Supervisora de estágio no curso de Psicologia da URI/FW.

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

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